Programa Mudanças Climáticas

Programa FAPESP reúne especialistas para debate sobre os problemas e soluções de Urbanização e Mudanças Climáticas

Programa FAPESP reúne especialistas para debate sobre os problemas e soluções de Urbanização e Mudanças Climáticas

Cristiane Bergamini

A FAPESP, através do seu Programa de Mudanças Climáticas, realizou nessa terça-feira, 27 de outubro, o seu quinto webinário da série Plano Estratégico Mudanças Climáticas FAPESP 2020-2030 com o tema Urbanização e Mudanças Climáticas.

O objetivo do evento é trazer contribuições e ações estratégicas para pesquisas e soluções em temas que envolvem os aspectos de urbanização como mobilidade; habitação, infraestrutura, saneamento, conforto térmico e gestão de resíduos sólidos e líquidos, entre outros.

“O Programa FAPESP de Mudanças Climáticas Globais tem um novo Plano Científico que deve orientar as ações de pesquisa do Programa FAPESP ao longo dos próximos dez anos. Nos últimos dois anos realizamos diversos eventos para discutir com a comunidade científica as direções prioritárias de pesquisa e, nessa série de webinários, estamos discutindo cada tema especificamente, explica o Moderador do evento e Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas da FAPESP, Professor Paulo Artaxo.

O Diretor Científico da FAPESP, Professor Luiz Eugênio Mello, participou da abertura do evento e ressaltou a importância sobre as discussões que envolvem o processo de urbanização. “Parece óbvio pensar na relevância do processo de urbanização que é constante ao longo de vários séculos e se acelerou agudamente nesse último século. Evidentemente há várias vantagens no processo de urbanização e a natureza das relações sociais e do trabalho. Entender como essa relação se dá nas suas múltiplas dimensões das esferas das mudanças climáticas tem a ver com a sociologia, a antropologia, tem a ver com o próprio processo histórico, com a geografia onde a nossa cidade ou as diferentes cidades se situam, e esse é um aspecto fundamental porque se nós não entendermos adequadamente os determinantes, tampouco a vamos entender como melhor agir para minimizar, mitigar esses problemas”.

O debate ressaltou, sob diversos aspectos, o modelo insustentável de urbanização que se vive atualmente, com o uso excessivo de energia e recursos naturais, condições precárias de mobilidade, ocupações de áreas que apresentam grandes riscos para a população, qualidade ambiental danosa à saúde, além de inadequações das formas de trabalho. Como propostas foram enfatizadas as necessidades em pesquisas, busca de estratégias e novas inciativas para a adaptação e mitigação dos problemas que evolvem a urbanização e mudanças climáticas.

“É importante a gente saber que, hoje, 84% da população brasileira vive nas cidades. Então, se não encontrarmos uma maneira de as cidades serem mais eficientes do ponto de vista energético, mais agradáveis para se refletir no bem-estar da população, reduzir as emissões dos gases de efeito estufa e os graves problema da poluição do ar que afligem muitos dos nossos centros urbanos, nós realmente vamos ter problemas importantes para a sociedade brasileira”, enfatiza o Professor Paulo Artaxo.

Entre os convidados estavam os Professores Maria Fernanda Campos Lemos (PUC RJ), Maria de Fátima Andrade (IAG/ USP), Paulo Pellegrino (FAU/ USP) e Alisson Flávio Barbieri (UFMG).

Como sugestão para o Plano Estratégico, a Professora Maria Fernanda Lemos ressalta a ênfase em soluções de adaptação com sistemas de transporte e mobilidade, redução da poluição (ilhas de calor e concentração de poluição atmosférica nas áreas urbanas) e ampliação do saneamento que é a base para uma população saudável e, portanto, resiliente. “A cidade é um sistema e quando o sistema está fragmentado fica disfuncional e, assim, não pode ser resiliente. Para tornar a cidade resiliente e adaptada precisamos investir muito em conhecimento e soluções de adaptação que reduzam essa desigualdade. Acho que essa é a grande prioridade que temos hoje. É preciso investir na redução dessa segregação físico-territorial que é o reflexo dessa desigualdade”, conclui Lemos.

Para Professora Maria de Fátima Andrade é preciso conhecer as emissões (poluente e gases de efeito estufa) a nível local e, assim, ter as medidas para que se possa ter aplicação em diferentes áreas do planejamento urbano.

No evento foi destacado também que o rápido crescimento das cidades tem gerado grandes desigualdades e consequências, inclusive, para a saúde da população que fica mais vulnerável e exposta à poluição e às doenças, devido ao aumento da temperatura e da frequência dos eventos extremos que contribuem para a disseminação de vetores.

“As nossas cidades não estão adaptadas e isso se reflete no que presenciamos com a incidência de chuvas intensas com áreas alagada e outras secas. Temos que pensar em soluções como a construção de uma infraestrutura verde para minimizar dos impactos negativos sobre as nossas cidades, uma urbanização que seja mais adaptada e resiliente às mudanças climáticas”, analisa o Professor Paulo Pellegrino.

O Professor Alisson Barbieri encerra as apresentações mostrando a importância de se ter estratégias para a organização das cidades considerando toda a sua complexidade e impactos que as mudanças climáticas trazem. “É preciso olhar para a cidade pela perspectiva social e demográfica com soluções para a infraestrutura, mobilidade. A transição demográfica, as taxas de formação de novos domicílios têm aumentado e isso implica no aumento da pressão de novas unidades residenciais. Por isso, é preciso obter soluções para a ocupação de áreas ociosas e, assim, diminuir a pressão dos outros locais”.

“Encontrar saídas para complexa situação da urbanização e, muito caótica, não é uma tarefa fácil. Vamos ter que dedicar muito esforço de pesquisa para ajudar a sociedade a formular políticas públicas adequadas, eficiente e com resultados positivos”, conclui o Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas Paulo Artaxo.

O próximo webinário acontece no dia 10 de novembro e vai tratar do tema Saúde e Mudanças Climáticas trazendo questões como: De que forma as mudanças climáticas influenciam doenças transmitidas por vetores, como dengue, malária, febre amarela? Os resultados das alterações ambientais e do clima propiciam a migração dos vírus que habitam a flora e fauna naturais para nossa sociedade? Como os eventos climáticos extremos impactam na mortalidade e morbidade? Para fazer sua inscrição clique aqui.

O evento Urbanização e Mudanças Climáticas está disponível no canal da Agência FAPESP, no YouTube. Para assistir clique aqui.